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Saúde

SUS negocia oferecer gratuitamente injeção bimestral preventiva contra HIV

Ministério da Saúde já contatou laboratório produtor; medicamento cabotegravir foi aprovado pela Anvisa e está em etapa final de estudo de implementação da Fiocruz

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Saúde

Foto: Divulgação GSK/Unsplash

A incorporação do novo medicamento preventivo contra HIV cabotegravir no Sistema Único de Saúde (SUS)e já está em negociação envolvendo governo, médicos e laboratório. O fármaco de uso PrEP (profilaxia pré-exposição) é aquele capaz de impedir a infecção pelo vírus com injeções bimestrais.

A Anvisa já aprovou o medicamento no país em abril. A Fiocruz deve finalizar em breve o estudo de implementação que avalia a possibilidade de adoção pelo SUS, do ponto de vista técnico. Uma vez finalizado, no caso de resultado recomendando a adoção, o documento é submetido ao órgão de governo que avalia o custo-benefício da incorporação do produto.

Quem faz a avaliação do ponto de vista mais financeiro é a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), subordinada ao Ministério da Saúde.

Antes de mesmo de ser anunciado oficialmente o resultado da avaliação da Fiocruz, o medicamento produzido pela multinacional farmacêutica GSK em parceria com o laboratório ViiV Healthcare, já é alvo de entusiasmo por parte de médicos.

— Assim que a gente tiver os resultados, e a gente já viu de forma preliminar os resultados, isso vai ser encaminhado para a Conitec — afirmou na semana passada o médico Alexandre Naime, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), no lançamento de uma campanha informativa contra o HIV.

Boa parte da empolgação que os cientistas deixam extravasar com o cabotegravir é que o medicamento representou um grande ganho contra a taxa de infecção em países da África onde questões culturais, como rejeição ao preservativo, ainda atrapalham as políticas contra a epidemia do vírus.

A expectativa é que a incorporação da PrEP injetável no sistema de saúde tenha um bom custo-benefício, porque investimentos em prevenção em geral se compensam mais adiante, evitando despesas com terapia antirretroviral e acompanhamento para quem já é soropositivo.

Hora da pressão

Respondendo a uma plateia de ativistas de defesa de diretos dos pacientes, Naime os convidou a defender a adoção do novo medicamento no SUS na próxima etapa, na Conitec.

— É aí que chega o momento da pressão. Toda a sociedade organizada, cientistas, médicos, influencers e ONGs têm que fazer a pressão pela aprovação, considerando que as estratégias de prevenção tem que ser individualizadas.

Como cada tipo de população tem uma cultura de prática de sexo diferente, os médicos defendem o cabotegravir não como uma panaceia geral para derrotar o vírus, mas como uma ferramenta entre muitas que é preciso ter em um arsenal.

O estudo da Fiocruz foi especificamente desenhado para avaliar a eficácia de prevenção do novo medicamento em um recorte populacional de “homens jovens HSH (homens que fazem sexo com homens), não-binários, travestis e pessoas transexuais”.

Cientistas que a eventual inclusão do remédio no SUS com acesso gratuito pode ajudar muito uma outra população particularmente vulnerável que é a de trabalhadoras e trabalhadores do sexo. Com aplicação bimestral, mesmo por via injetável, a expectativa é que a adesão ao cabotegravir possa ser maior que ao Truvada, medicamento PrEP oral contra o HIV.

A divisão brasileira da GSK afirma que, mesmo com avaliação ainda pendente da Conitec, o governo já está em contato com a empresa para acelerar uma eventual negociação.

“A GSK/ViiV Healthcare vem tendo interações com o Ministério da Saúde ao longo de 2024 para trazer o maior nível de celeridade possível à incorporação de Cabotegravir no SUS. Observa-se, por meio de reuniões públicas, que o Ministério da Saúde tem abordado o tema, entretanto sem prazo definido para sua incorporação”, disse a empresa em comunicado.

A companhia afirma que, para acomodar a demanda por preços menores está disposta a licenciar a droga para produção em território brasileiro.

“A empresa está disposta a transferir a tecnologia de produção do Cabotegravir para um laboratório público nos moldes preconizados e defendidos pelo Governo Federal na sua nova política de redução de vulnerabilidade do SUS”, diz a nota. “Enquanto o produto não estiver disponível no SUS, que é nosso objetivo prioritário, estamos buscando alternativas para disponibilizar o Cabotegravir no mercado privado.”

O infectologista José Valdez Madruga, do Centro de Referência em Treinamento para DST/AIDS de São Paulo, acredita que a sociedade civil precisará barganhar ainda um pouco mais para obter sucesso.

— Precisamos pressionar o governo e precisamos pressionar a industria farmacêutica por melhores preços — afirmou. — Nós sabemos que a industria é composta de empresas privadas que precisam dar retorno a seus acionistas, mas os preços precisam realmente ser negociados.

Beatriz Grinsztejn, que coordena o estudo de implementação na Fiocruz, diz que já tem na mira das pesquisas da entidade também um outro medicamento, o lenacapavir, ainda em análise na Anvisa. Trata-se de uma injeção de PrEP como o cabotegravir, mas de aplicação semestral, não bimestral, o que facilita ainda mais a adesão.

— Nós fizemos isso com a PrEP oral, estamos fazendo hoje com o cabotegravir e vamos ver se podemos fazer também com o lenacapavir, para avaliar como é que essa droga pode ou não vir a fazer parte do SUS — afirmou a pesquisadora em entrevista a uma revista de divulgação da própria Fiocruz. —Mas no final das contas tudo o que importa é por quanto o produtor vai vendê-la para o Ministério da Saúde.

Fonte: O Globo – https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/12/04/sus-negocia-oferecer-gratuitamente-injecao-bimestral-preventiva-contra-hiv.ghtml

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Glaucoma: SUS amplia exames, mas acesso desigual preocupa especialista

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De 2019 a 2024, quase 10 milhões de exames específicos para o diagnóstico de glaucoma foram realizados via Sistema Único de Saúde (SUS). O número de exames saltou de 1.377.397 em 2019 para 2.251.284 em 2024, representando um crescimento de 63%. Apesar do aumento, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta que a expansão não ocorreu de forma homogênea.

Dados apresentados pela entidade mostram que o Sudeste lidera, com um aumento de 116% na realização de exames, enquanto o Nordeste registra o menor crescimento: 24%.

“Essa diferença no ritmo de crescimento entre as regiões reforça a necessidade de estratégias para garantir que todos os brasileiros, independentemente do lugar onde moram, tenham igualdade de acesso à detecção precoce do glaucoma”, avaliou o CBO em nota.

O levantamento, realizado a partir da base de dados oficial do SUS, mostra que, em volume total de exames acumulados entre 2019 e 2024, três estados se destacam com os maiores números absolutos. São Paulo lidera com um total de 2.689.770 exames realizados. Em seguida estão Rio Grande do Sul, com um volume considerável de 1.822.862 exames; e Pernambuco, com 1.155.862 exames de glaucoma realizados.

Já os estados com os menores volumes totais no mesmo período incluem Amapá, com apenas 45 exames registrados de 2019 a 2024; Acre, com um total de 4.072; e Rondônia, com 12.595 exames registrados no banco de dados do SUS no mesmo período.

“Mesmo considerando fatores como menor população, infraestrutura de saúde menos extensa ou particularidades regionais no acesso aos serviços, o apanhado também evidencia as diferenças na distribuição e no acesso aos serviços de diagnóstico de glaucoma dentro do território nacional”, destacou o CBO.

Analisando as variações percentuais entre 2019 e 2024 e considerando evidências de subnotificação em estados do Norte, o melhor desempenho, segundo a entidade, foi observado no Rio de Janeiro, onde houve crescimento de 160%. São Paulo também se destacou, com um salto de 124%, seguido pelo Distrito Federal, com alta de 119% na comparação entre o início e o fim da série histórica.

Em um confronto de produtividade por regiões, o Nordeste mostra o pior desempenho, com quatro dos seus nove estados apresentando regressão entre 2019 e 2024. Com exceção de Pernambuco (alta de 70%), a variação na produção ambulatorial nos demais estados no mesmo período foi inferior a 9%. O Sudeste, por sua vez, mais que dobrou a produção de exames específicos para glaucoma nos últimos anos, com crescimentos expressivos em todos os seus estados.

“A dificuldade de acesso a consultas com especialistas, especialmente em regiões mais remotas ou com menor infraestrutura de saúde, também contribui para o diagnóstico tardio. Essa demora não apenas prejudica a qualidade de vida do paciente, mas também pode gerar custos mais elevados para o sistema de saúde a longo prazo”, avaliou o CBO.

Apesar dos entraves, a entidade reforça que o paciente com suspeita ou diagnóstico de glaucoma possui direitos dentro do SUS, incluindo acesso a medicamentos utilizados no tratamento da doença, bem como a procedimentos cirúrgicos quando necessários.

“A instituição da Política de Combate à Cegueira causada pelo glaucoma, que garante tratamento gratuito da doença, e a criação do Programa de Atenção ao Paciente Portador de Glaucoma são esforços voltados ao cuidado e o acompanhamento desses pacientes.”

“No entanto, a efetividade desses direitos está intrinsecamente ligada à facilidade com que o paciente consegue acessar os serviços de diagnóstico em tempo hábil, aumentando a necessidade de medidas que ampliem e descentralizem a oferta de cuidados oftalmológicos”, concluiu o CBO.

Campanha

Ao longo de todo o mês de maio, o CBO e a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) promovem uma nova edição da campanha de conscientização e mobilização sobre a doença. A proposta é fortalecer políticas públicas e engajar pacientes no tratamento. No próximo sábado (24), está prevista uma maratona online de informações, a partir das 9h, transmitida pelo site oficial da campanha.

Durante a transmissão, especialistas esclarecerão as dúvidas mais comuns dos pacientes, além de combater informações falsas que circulam sobre a doença. Os profissionais ainda abordarão temas para o entendimento e o enfrentamento do glaucoma – entre os tópicos em destaque estão o uso da inteligência artificial na reabilitação visual, os perigos da automedicação e os direitos do paciente com glaucoma no SUS.

Já na próxima quarta-feira (28), a campanha 24 Horas pelo Glaucoma levará o debate à Comissão de Saúde, no Congresso Nacional. A ação contará com um estande de atendimento acessível ao público que circular pelo local entre os dias 27 e 28 de maio, com a oportunidade de rastreamento da doença por meio de exames de retinografia.

Entenda

O glaucoma é uma doença que afeta os olhos e pode causar perda de visão de forma gradual – muitas vezes sem ser notado. Isso acontece quando a pressão dentro do olho aumenta e começa a danificar o nervo óptico, responsável por levar as imagens que vemos até o cérebro.

O mais preocupante, de acordo com o CBO, é que o glaucoma geralmente não apresenta sinais no início. Por esse motivo, muitas pessoas só percebem o problema quando a visão já está comprometida. “Infelizmente, o que foi perdido não pode ser recuperado”, alertou a entidade.

Com exames oftalmológicos regulares, o glaucoma pode ser identificado ainda cedo e tratado adequadamente. O diagnóstico precoce é considerado fundamental para controlar a doença e preservar a visão.

 



EBC Saúde

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